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Agronegócio

Agricultores, ambientalistas e indígenas se unem para reflorestar fazendas em MT

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Globo Rural

No Mato Grosso, a recuperação das matas ciliares de fazendas de soja é feita por meio de um projeto ambiental que conta com o esforço conjunto de agricultores, ambientalistas e índios. É uma parceria entre a agricultura moderna e o conhecimento tradicional indígena.

Muita gente no estado quer que a natureza volte a ficar mais parecida com ela mesma. Higor Trovo é uma dessas pessoas. Há 10 anos, quando tinha 16, ele foi entrevistado pelo Globo Rural. Tinha feito um projeto e, com a ajuda da escola, reflorestava as margens do rio Queixada, que passava na fazenda do pai dele.

“Criamos uma proteção para os animais e também para a nascente, que é um dos afluentes do Xingu. Vamos proteger a água, que é uma riqueza que nós temos e que a cada dia que passa está se tornando escassa”, diz Higor. “Se isso acabar, a gente acaba junto.”

Para reflorestar a área, Higor e seu pai receberam ajuda do Instituto Socioambiental (ISA), que desde 1994 atua no Brasil. Na propriedade deles, foram plantados 4 hectares de matas ciliares em torno de uma das nascentes do rio Xingu. Existem outras 22 mil nascentes espalhadas pela bacia.

A lei de preservação das matas ciliares ao longo de rios e cursos d’água existe há 40 anos. Mas ela em sempre foi cumprida e, agora, muitos produtores rurais começam a replantar áreas desmatadas ilegalmente.

É um trabalho de formiga. O ISA, em parceria com produtores rurais, organizações de ensino, de pesquisa, pequenos e médios agricultores, indígenas e poder público, conseguiu reflorestar, em 12 anos de trabalho, uma área de 4 mil hectares. Não é nem 2% dos mais de 300 mil hectares de matas ciliares que precisam ser reflorestados na bacia do Xingu.

O instituto refloresta, em média, 150 hectares por ano. “Em vista do que acontece no Brasil, é muito pouco devido ao passivo que se tem”, diz Heber Alves, coordenador do ISA Canarana.

Uma floresta demora muito tempo para virar floresta. Em uma fazenda em Vera Cruz do Xingu, no município de Canarana, na terra semeada há um ano há pequenos pés de ipê e paineira, que vão se transformar em grandes árvores, e sementes que ainda nem brotaram.

A fazenda tem 43 mil hectares. Planta soja, cria gado e mantém uma floresta nativa. Ainda assim, foi preciso reflorestar as áreas vizinhas aos cursos d’água. Não basta conservar a mata, é preciso que a floresta esteja no lugar certo, onde ela é fundamental para garantir a continuidade da vida.

“O que a gente está fazendo aqui junto com o ISA é muito importante, porque vai refletir não só aqui, mas na hora que cai no Xingu. E aí a gente pensa: Xingu, Mato Grosso, Pará… É muita responsabilidade cuidar de uma nascente”, afirma Henrique Gonçalves, dono da fazenda. “A gente tira o nosso sustento da terra e a gente tem o dever de proteger a terra.”

Rede de Sementes e muvuca

Para poder sustentar o reflorestamento nas áreas degradadas do Mato Grosso, o ISA criou em 2007 a Rede de Sementes do Xingu. É de lá que vieram 300 quilos de sementes que serão plantadas na fazenda Vera Cruz.

Misturadas, essas sementes formam a chamada muvuca, prontas para serem lançadas à terra. A técnica criada pelo ISA, inspirada no manejo indígena, reduz o custo do replantio das árvores.

As mesmas máquinas usadas no plantio da soja despejam a muvuca, com sementes de jatobá, carvoeiro, ipê, e outras 80 espécies.

A soja demora no máximo 5 meses para chegar ao ponto de colheita. A floresta precisa de muito mais tempo. Até o jatobá se tornar uma grande árvore, terão se passado pelo menos 30 anos dessa espécie que pode durar alguns séculos. Um dos bichos dispersores da semente dura do jatobá é a anta, um dos muitos mamíferos em extinção.

As árvores, as formigas, as abelhas, as aves, os mamíferos, mesmo sem planejar, trabalham todos juntos na tarefa de replantar a floresta. O homem precisa de estratégias e muitos parceiros para fazer trabalho semelhante. A rede de sementes do Xingu trabalha com mais de 600 coletores, entre indígenas e pequenos produtores rurais. Eles chegam a coletar mais de 150 espécies de sementes.

“Recuperamos 6 mil hectares com mais de 200 toneladas de sementes. Isso é muito pouco perto do que essa região tem para recuperar”, diz Bruna de Souza, diretora da Rede de Sementes do Xingu. “A devastação continua aqui na região. No último ano, foram mais de 5 mil hectares abertos.”

Sem a floresta, as sementes precisam ser encontradas. E, dependendo da dificuldade do beneficiamento, algumas podem ser muito caras. Como a da sucupira branca, que custa mais de R$ 600 o quilo. “Além de [a semente] ser difícil de achar, a matriz tem dificuldade no beneficiamento, é um trabalho artesanal”, justifica Bruna.

O preço das sementes varia de R$ 2 a R$ 600. O olho de boi, custa R$ 6 o quilo; o tento amarelo, R$ 24; a copaíba, R$ 49; o ipê, R$ 155 e o carvoeiro, R$ 200.

O carvoeiro é uma árvore muito comum na região, nasce sozinha na natureza. Mas com a devastação, começa a ficar mais difícil a cada dia encontrar um carvoeiro e coletar a semente para fazer a muvuca. Por isso ela é tão cara.

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Agronegócio

PIB avança 7,7% no 1º trimestre com força da agropecuária

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Goiás apresentou avanço de 7,7% no Produto Interno Bruto (PIB) durante os primeiros três meses de 2025, conforme levantamento divulgado pelo Instituto Mauro Borges (IMB). O desempenho foi muito superior ao crescimento médio nacional, apontando uma retomada dinâmica da economia estadual.

O setor que mais impulsionou o resultado foi a agropecuária, com alta de 17,4%, reflexo direto das boas perspectivas para a colheita de soja, que deve alcançar o maior volume registrado no estado até agora. O desempenho considerável do agronegócio reforça o papel de Goiás como força produtiva do Centro-Oeste.

A indústria também mostrou ganho expressivo, crescendo 1,6% no trimestre. Dentro desse segmento, a construção civil avançou 5,3%, e a indústria de transformação avançou 1,4%, evidenciando recuperação em setores-chave para a economia local.

O setor de serviços registrou aumento modesto de 1,2%, refletindo ainda uma trajetória de recuperação, mas sem apresentar o mesmo vigor dos demais setores.

Na comparação com o trimestre anterior, o PIB goiano apresentou crescimento de 3,6%, com base em dados ajustados sazonalmente. Nacionalmente, o PIB cresceu 1,4% no mesmo período, com destaque para a agropecuária, que avançou 12,2% no Brasil, e o setor de serviços, que teve alta de 0,3%.

Para o governo estadual, o resultado reflete “o bom momento da economia, impulsionado tanto por fatores sazonais quanto pela recuperação de segmentos industriais estratégicos” (secretário-geral). A leitura oficial destaca a combinação positiva entre robustez do agro e retomada da indústria.

O crescimento da agropecuária de Goiás está alinhado com o cenário nacional, no qual o setor registrou alta interanual de 10,2% no primeiro trimestre, com destaque para culturas safrinhas como soja (+13,3%), milho (+11,8%), arroz (+12,2%) e fumo (+25,2%).

Apesar do otimismo, especialistas alertam para a necessidade de atenção a riscos climáticos, gargalos logísticos e novas oscilações no mercado global. Para manter a trajetória positiva, será essencial fortalecer infraestrutura, apoiar cadeias produtivas emergentes e aprimorar logística de escoamento.

Com essa base, Goiás avança com confiança para consolidar o crescimento deste ano e aprimorar sua competitividade tanto no plano nacional quanto internacional.

Fonte: Pensar Agro

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Agronegócio

Exportações do agronegócio crescem 24% em 2025 e atingem R$ 46,2 bilhões em 5 meses

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Entre janeiro e maio de 2025, Minas Gerais movimentou R$ 46,2 bilhões em exportações do agronegócio, o equivalente a um crescimento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço ocorreu mesmo com uma leve retração de 5,2% no volume exportado, que somou 6,9 milhões de toneladas. A elevação nos preços médios internacionais foi determinante para o aumento da receita.

O bom desempenho reflete a resiliência e a capacidade de adaptação do setor agropecuário mineiro, que enfrentou desafios logísticos e instabilidades externas, mas conseguiu manter a competitividade. A valorização de produtos-chave e a abertura de novos mercados foram fatores fundamentais para a expansão.

O café, principal item da pauta exportadora de Minas, foi o grande responsável pelo avanço nas receitas. As vendas externas somaram cerca de R$ 26,4 bilhões, um salto de 67,2% em valor, mesmo com queda de 5,5% no volume embarcado. A escassez interna e entraves logísticos limitaram os embarques, mas a alta expressiva nos preços internacionais garantiu uma compensação significativa.

As carnes também registraram crescimento relevante. As exportações do setor alcançaram aproximadamente R$ 3,74 bilhões, alta de 17,1% em valor. A carne bovina puxou o desempenho, com aumento de 17,2% no valor e 5,1% no volume exportado. A carne de frango também cresceu: foram cerca de R$ 878,4 milhões em vendas, alta de 8,6% no valor e 3,9% no volume.

O complexo soja apresentou desempenho mais contido. Com exportações em torno de R$ 8,8 bilhões, o setor registrou queda de 9,2% em valor, ainda que o volume tenha se mantido estável em 4 milhões de toneladas. A desvalorização dos preços no mercado internacional, em razão do aumento dos estoques globais e da redução dos prêmios de exportação, pesou no resultado.

Entre os produtos que mais cresceram estão os ovos, com elevação de 674,8% no valor exportado, produtos apícolas (alta de 90,5%), cereais – especialmente o milho (crescimento de 89,4%) – e queijos, com aumento de 25,4%. Esses segmentos ganharam espaço em mercados alternativos e tiveram forte valorização de preços.

Por outro lado, o setor sucroalcooleiro enfrentou recuo expressivo. As exportações caíram 35,4%, somando aproximadamente R$ 2,68 bilhões. O açúcar de cana respondeu por R$ 2,54 bilhões desse total, com queda de 36,1%, enquanto o álcool recuou 22,3% em receita. Os produtos florestais também tiveram desempenho negativo, com retração de 3% e vendas em torno de R$ 2,56 bilhões.

A diversificação de destinos foi estratégica para manter o dinamismo das exportações. Diante da retração nos embarques para países como China e México, o estado ampliou de forma expressiva suas vendas para outros mercados. A Rússia registrou crescimento de 232% em valor e 200% em volume. O Iêmen aumentou suas compras em 143% e 128%, respectivamente. Já a Líbia teve alta de 77% em valor. O destaque vai para a Guiné, cujas importações saltaram 1.021% em valor e 653% em volume.

Esses resultados reforçam a vocação exportadora de Minas Gerais e a capacidade do agronegócio estadual de se adaptar ao cenário global, preservando sua relevância econômica e abrindo novas fronteiras comerciais.

Fonte: Pensar Agro

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