conecte-se conosco


Mundo

O que esperar de Javier Milei na presidência da Argentina

Publicado

Por Wilson Pedroso
O que esperar de Javier Milei na presidência da Argentina
Reprodução/Flipar

O que esperar de Javier Milei na presidência da Argentina


A eleição do deputado Javier Gerardo Milei para a presidência da Argentina , oficializada nas urnas no último domingo (19), tem forte simbologia. Economista por formação, ele conquistou quase 56% dos votos, contra 44% do peronista Sergio Massa. O resultado da eleição indica uma abrupta guinada à direita, dentro do país que observa índices expressivos de pobreza e desigualdades. O mesmo movimento é observado em outras localidades da América Latina.


Países como, por exemplo, Guatemala, Equador, Paraguai e Uruguai formam ilhas de direita dentro de um oceano de governos com ideologias esquerdistas no mapa político da América Latina. O Brasil também teve seu momento de aposta na direita radical com a eleição de Jair Bolsonaro, que por muito pouco não conquistou a reeleição na disputa contra o atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva.

Mais da metade da população argentina depende de algum tipo de benefício social do governo, mas, ainda assim, pesquisa realizada pela Universidade de San Andrés, em julho de 2022, mostrou que, à época, o índice de reprovação do presidente Alberto Fernández era de 75%. Com ideias ultraliberais e pouca base política, Javier Milei conquistou um eleitorado cansado da esquerda e especialmente castigado pelas altas taxas de inflação no país, que em outubro chegou ao índice de 142% no acumulado de 12 meses.

Teria então a eleição de Javier Milei sido meramente reflexo da rejeição ao peronismo? Ou efetivamente os argentinos estão de acordo com as mudanças radicais propostas pelo presidente eleito? Entre elas estão, por exemplo, a dolarização da economia, o fim do Banco Central, corte expressivo de gastos públicos e privatização de serviços essenciais, além da saída da Argentina do Mercosul. Esta última, caso efetivamente se concretize, trará reflexos para toda a América Latina, em especial para o Brasil.

Um corte, ainda que parcial, no amplo histórico de relações políticas e econômicas entre Argentina e Brasil pode ter reflexos importantes na economia local. Juntamente com China e Estados Unidos, a Argentina é um de nossos principais parceiros comerciais, representando grande parte da exportação da soja brasileira. Mas o fato é que, ainda que encontre aprovação popular, essa medida tem pouca aplicabilidade na prática e pode acabar sendo ainda mais desastrosa para a fragilizada economia da própria Argentina.

Aliás, a pergunta que o mundo todo se faz nesse momento é se as propostas de Milei são efetivamente tão aplicáveis quanto polêmicas.

Sem experiência na administração pública e com pouca base política, ele tomará posse no dia 10 de dezembro, mas terá de enfrentar desafios diversos para conseguir governar minimamente. Entre os principais obstáculos que já se apresentam estão o fato de ele não ter maioria no Congresso e os futuros embates com a oposição peronista, que tem forte poder de mobilização de sindicatos e das militâncias de esquerda.

“Os argentinos escolheram outro caminho”, disse Javier Milei logo após a vitória. Resta saber como ele fará a condução da nova rota. O momento exige cautela para uma transição inteligente, mas o povo argentino tem pressa, com 40% dos 46 milhões de habitantes vivendo na faixa da pobreza. O novo presidente tem muito a provar.

Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral, com MBA nas áreas de gestão e marketing
Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral
Divulgação

Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral




Fonte: Internacional

Comentários Facebook
publicidade
Clique para comentar

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mundo

COP: novo documento exclui previsão para eliminar combustíveis fósseis

Publicado

O terceiro rascunho do texto da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima de 2023 (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, excluiu a previsão de eliminar o uso dos combustíveis fósseis. A nova versão foi divulgada nesta segunda-feira (11) e traz a previsão de “substituir” tais combustíveis. O documento serve de base para as negociações do texto final da COP, que precisa ter o apoio de todas as quase 200 nações para ser aprovado. Nas duas primeiras versões divulgadas estavam previstas versões de textos que apontavam para eliminação dos combustíveis fósseis, o que vinha sendo apontado como um avanço por organizações ambientalistas.

Porém, países grandes produtores de petróleo estão pressionando para retirar a previsão para eliminação dos combustíveis fósseis, preferindo que a conferência em Dubai se concentre apenas na redução da poluição climática. Segundo observadores dessas negociações, a Arábia Saudita e a Rússia estão entre os países contra o texto que pede a eliminação dos fósseis

O trecho do 3º rascunho que trata dos combustíveis fósseis aponta para “necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases do efeito estufa” e sugere que os países tomem medidas para: triplicar a capacidade de energia renovável à nível mundial; reduzir rápida e ininterruptamente o uso do carvão e limitar novas fontes à base de carvão; acelerar os esforços à nível mundial para criar sistemas com emissões líquidas zero com utilização de combustíveis com zero carbono ou com baixo teor de carbono muito antes ou por volta de meados do século.

Além disso, o mesmo artigo propõe: acelerar tecnologias com zero ou baixas emissões, entre as quais, a nuclear, as renováveis, a produção de hidrogênio com baixo teor de carbono e a captura de carbono “de modo a intensificar os esforços rumo à substituição inabalável de combustíveis fósseis nos sistemas energéticos”. Outra medida prevista é a redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis, “de forma justa, ordenada e equitativa de modo a atingir zero emissões líquidas até, antes ou por volta de 2050”.

Por fim, o documento aponta para redução “substancial” de outros gases do efeito estufa, como o metano (CH4), além de pedir a redução das emissões do transporte rodoviário e a progressiva eliminação dos subsídios “ineficientes aos combustíveis fósseis que incentivem o consumo desnecessário e não abordem a pobreza energética ou as transições justas”.

O Instituto Talanoa, organização que atua com políticas do clima, considera que o novo texto “quebra as expectativas” ao não apresentar um cronograma claro e ambicioso para a transição energética. A presidente do Instituto, Natalie Unterstell, destacou que a nova versão veio enfraquecida por enumerar as medidas que os países “poderiam” tomar, e não que devem adotar.

“O que na linguagem diplomática abre caminho para um menu de opções e não um pacote que guie as próximas DNCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas)”, afirmou. As DNCs são os compromissos que cada país assume para redução dos gases do efeito estufa e que devem ser revisadas na COP30, a ser realizada em Belém (PA) em 2025. 

Brasil  

A delegação brasileira recebeu o novo documento no momento que se preparava para uma coletiva de imprensa em Dubai e, por isso, não quis comentar o novo rascunho antes de ler totalmente. Porém, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, argumentou que o Brasil defende um texto que reduza a dependência dos combustíveis fósseis, e que essa redução seja liderada pelos países desenvolvidos. 

“Nossa determinação é buscar uma linguagem que acolha esse tema, que nunca foi acolhido dentro das COPs, e que viabilize os meios, de forma que os países desenvolvidos e países em desenvolvimento sejam adequadamente contemplados nessa corrida e com uma clara posição, de senso de justiça, de que os países desenvolvidos devem liderar essa corrida [de redução dos combustíveis fósseis]”, destacou.

Ainda segundo Marina Silva, o sucesso dessa COP vai depender do texto final sobre os combustíveis fósseis e que o Brasil “está trabalhando por uma linguagem que esteja à altura e coerente com a nossa missão 1.5ºC”. O Brasil tem defendido que a COP limite o aquecimento da terra a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. 

Crise Climática     

Os gases do efeito estufa lançados na atmosfera vêm aumentando a temperatura do planeta desde a Revolução Industrial (séculos 18 e 19), principalmente por meio da queima de combustíveis fósseis, o que impulsiona a atual crise climática, marcada por eventos extremos, como o calor excessivo, as secas prolongadas e as chuvas intensas.

No Acordo de Paris, em 2015, 195 países se comprometeram a combater o aquecimento global “em bem menos de 2º C acima dos níveis pré-industriais”, buscando preferencialmente limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis antes da revolução industrial. 

Fonte: EBC Internacional

Comentários Facebook
Continue lendo

Mundo

Rússia: eleições presidenciais também serão feitas em regiões anexadas

Publicado

Presidente da Rússia, Vladimir Putin
Kremlin – 30.10.2023

Presidente da Rússia, Vladimir Putin

A Comissão Eleitoral da Rússia anunciou nesta segunda-feira (11) que as eleições presidenciais de 17 de março também serão realizadas nas quatro regiões da Ucrânia anexadas ilegalmente por Moscou.

De acordo com a agência russa Tass , a decisão foi tomada por unanimidade, após consultas com o Ministério da Defesa, o Serviço Federal de Segurança (FSB) e os chefes dos governos separatistas de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson.

As quatro regiões são controladas parcialmente pela Rússia, que realizou em setembro de 2022 referendos sobre as anexações dessas zonas da Ucrânia.

As votações do ano passado, no entanto, são consideradas ilegais pela comunidade internacional.

A Rússia irá às urnas em 17 de março de 2024, e o presidente Vladimir Putin deve ser candidato a um quinto mandato — sendo o terceiro consecutivo —, o que lhe garantiria no poder ao menos até 2030.

Fonte: Internacional

Comentários Facebook
Continue lendo

Política MT

Cidades

Nortão

Policial

Mais Lidas da Semana